Portela quer levantar poeira ao cantar a história de 400 anos de Madureira



Ficha técnica da Portela (Foto: Arte G1)
O barracão está com o trabalho atrasado, é verdade. Mas o carnavalesco garante que as dificuldades não abatem o ânimo do portelense. Ao contrário, contar a história do bairro onde a escola nasceu e que é considerado o berço do samba torna a agremiação ainda mais forte. Principalmente porque Madureira será apresentada na avenida por ninguém menos que o grande ídolo da Portela, Paulinho da Viola, no enredo “Madureira... onde o meu coração se deixou levar”.
“O enredo começa com o último campeonato que a Portela ganhou sozinha, em 1970, e que conquistou o coração de Paulinho da Viola. Apaixonado pela escola ele compôs 'Foi um rio que passou em minha vida’. E vamos aproveitar esse encantamento para contar a história de Madureira ao compositor. O enredo é um conjunto de efemérides que deixa o portelense muito orgulhoso. Ele celebra os 70 anos de Paulinho da Viola, os 90 anos de fundação da Portela e os 400 anos de Madureira”, explicou Menezes.
Para isto, o carnavalesco vai dividir os quatro mil componentes em 35 alas. A escola vai desfilar com sete alegorias e quatro tripés. A bateria, a Tabajara do Samba, vai marcar o compasso na avenida ditado pelo mestre Nilo Sérgio, tendo à frente uma moradora de Madureira, a rainha Patrícia Nery.  O samba será cantado por Gilsinho. O pavilhão de uma das escolas mais tradicionais do Rio vai ser empunhado com elegância pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira Robson Sensação e Ana Paula.
Menezes conta que o desfile começa com Paulinho da Viola tentando entender o que é o amor que ele sente pela Portela e mergulha fundo na história de Madureira. O desfile começa lembrando o campeonato de 1907, com o enredo “Lendas e mistérios da Amazônia”. A águia, símbolo da escola, estará neste setor.
O segundo setor do desfile conta a formação histórica do bairro, com suas fazendas e canaviais. Logo depois, entra o setor da formação religiosa, que mistura festas católicas e do candomblé e traz elementos característicos como o jongo.
O quarto setor vai retratar o desenvolvimento econômico e comercial do bairro. Mostra a chegada do trem a Madureira e dos imigrantes árabes e judeus, dos italianos e da única fábrica de massas e biscoitos da região. É também o setor onde o Mercadão de Madureira será destacado não só como grande pólo comercial como também atração turística.
O lado cultural de Madureira, com gafieiras, os bailes charm embaixo do Viaduto Negrão de Lima, o movimento da black music e os campeonatos esportivos, como o basquete de rua, realizados no local vão estar no quinto setor do desfile. Já o carnaval de rua, com os famosos blocos de piranhas da região, estará no sexto setor. Além de destacar o samba da Portela, Menezes vai fazer uma homenagem a coirmã Império Serrano. Estarão presentes o compositor Arlindo Cruz, Dona Ivone Lara, Jorginho do Império e Tia Maria, do jongo da Serrinha.
O encerramento do desfile mostra quando Madureira vira inspiração para várias músicas. Ou seja, termina com Paulinho da Viola chegando à Sapucaí inspirado por Madureira, junto com a Velha Guarda da Portela.
Fundada em 1923, a escola nasceu da junção de dois blocos e teve dois outros nomes antes de se chamar Portela, em 1930. E logo se transformou numa das principais agremiações ao lado de Mangueira e da Deixa Falar (atual Estácio de Sá, da Série A). Ao longo de seus 90 anos, colecionou 21 títulos, sendo o último no supercampeonato que dividiu com a Mangueira na inauguração do Sambódromo do Rio em 1984. No carnaval de 2012 ficou em sexto lugar.
Barracão da Portela (Foto: André Durão/ G1)Artesãos se empenham para aprontar alegorias e mostrar que Portela é o orgulho de Madureira (Foto: André Durão/ G1)

Nenhum comentário:

Se gostou, compartilhe... :-)

Seguidores

Minha lista de blogs